Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre fazer e não fazer
mais vale o inútil do fazer.
Mas não fazer para esquecer
que é inútil: nunca o esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo
que ele é inútil, e bem sabendo
que é inútil e que seu sentido
Não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil do que não fazer,
e dificilmente se poderá dizer
com mais direito ao leitor
Ninguém que o feito o foi para ninguém.
(João Cabral de Melo Neto)
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