3 de set. de 2010

SONETO

Cláudio Manuel da Costa


Lembrando estou, Ó penhas, que algum dia,

Na muda solidão deste arvoredo,

Comuniquei convosco o meu segredo,

E apenas brando, o zéfiro me ouvia.

Com lágrimas meu peito enternecia

A dureza fatal deste rochedo,

E sobre ele, uma tarde, triste e quedo,

A causa de meu mal eu escrevia.

Agora torno a ver se a pedra dura

Conserva ainda intacta essa memória,

Que debuxou então minha escultura,

Que vejo! esta é a cifra: triste glória!

Para ser cruel a desventura,

Se fará imortal a minha história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário