Cláudio Manuel da Costa
Lembrando estou, Ó penhas, que algum dia,
Na muda solidão deste arvoredo,
Comuniquei convosco o meu segredo,
E apenas brando, o zéfiro me ouvia.
Com lágrimas meu peito enternecia
A dureza fatal deste rochedo,
E sobre ele, uma tarde, triste e quedo,
A causa de meu mal eu escrevia.
Agora torno a ver se a pedra dura
Conserva ainda intacta essa memória,
Que debuxou então minha escultura,
Que vejo! esta é a cifra: triste glória!
Para ser cruel a desventura,
Se fará imortal a minha história.
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