Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão
Oh que saudade
Do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade
Tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão
Não há, oh gente...
Se a lua nasce
Por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
E a gente pega
Na viola que ponteia
E a canção
É a lua cheia
A nos nascer do coração
Não há, oh gente...
Coisa mais bela
Neste mundo não existe
Do que ouvir-se um galo triste
No sertão, se faz luar
Parece até que a alma da lua
É que descanta
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar
Não há, oh gente...
Ah, quem me dera
Que eu morresse lá na serra
Abraçado à minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado
Numa grota pequenina
Onde à tarde a sururina
Chora a sua viuvez
Não há, oh gente...
NoemiaHime em 26/01/2009
§ Catulo da Paixão Cearense
Poeta, músico e compositor. Nasceu em São Luís do Maranhão e mudou-se aos 17 anos para o Rio de Janeiro com a família. Trabalhou como relojoeiro. Passou a organizar coletâneas, entre elas O cantor fluminense e O cancioneiro popular, além de obras próprias. Vivia despreocupado, pois era boêmio, e morreu na pobreza. Suas mais famosas composições são ‘Luar do Sertão’ (em parceria com João Pernambuco), de 1908, que na opinião de Pedro Lessa é o hino nacional do sertanejo brasileiro, e Flor amorosa, composta juntamente com Joaquim Calado em 1867. Também é o responsável pela reabilitação do violão nos salões da alta sociedade carioca e pela reforma da 'modinha'. Publicava seus poemas em formato de cordel.
- João Teixeira Guimarães ou João Pernambuco
Músico compositor e violonista. Em 1902 mudou-se para o Rio de Janeiro, travando contato com violonistas populares, ao mesmo tempo em que trabalhava como ferreiro, em jornadas de até dezesseis horas diárias. Para os seus amigos e admiradores, em número sempre crescente, contava e cantava coisas de sua terra, daí o apelido.
Compunha músicas de inspiração nordestina, baseadas em cantigas folclóricas. É o caso de “Luar do Sertão, composto em 1911, seu maior sucesso, não creditado pelo parceiro letrista Catulo da Paixão Cearense, que ficou como o único autor. Compôs mais de cem músicas entre choros, valsas, iongos, maxixes, emboladas, toadas, cocos, prelúdios e estudos.
"Dificilmente se encontra um violonista brasileiro, seja ele músico erudito ou popular, que não tenha em seu repertório alguma música do João.. Junto com a música de Heitor Villa-Lobos, a obra de João Pernambuco tornou-se "a mais legítima expressão do jeito brasileiro de tocar o violão". – Maurício Carrilho.
Principais Sucessos
- A canção de seus olhos (com Antônio Maria)
- Aperitivo (com Mário Rossi)
- Caboca di Caxangá (com Catulo da P. Cearense)
- Dengoso
- Estou voltando (com Pixinguinha e Donga)
- Estrada do sertão (com Hermínio Bello de Carvalho)
- Graúna
- Interrogando
- Luar do sertão (com Catulo da Paixão Cearense)
- O amor e a rosa (com Antônio Maria)
- Rosa carioca
- Sons de carrilhões
- Suas mãos (com Antônio Maria)
- Valsa em lá
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