27 de ago. de 2012

A Iara

Vive dentro de mim, como num rio, 
Uma linda mulher, esquiva e rara, 
Num borbulhar de argênteos flocos, Iara 
De cabeleira de ouro e corpo frio.
 Entre as ninféias a namoro e espio: 
E ela, do espelho móbil da onda clara, 
Com os verdes olhos úmidos me encara,
 E oferece-me o seio alvo e macio. 
Precipito-me, no ímpeto de esposo, 
Na desesperação da glória suma, 
 Para a estreitar, louco de orgulho e gozo... 
Mas nos meus braços a ilusão se esfuma: 
E a mãe-d'água, exalando um ai piedoso,
 Desfaz-se em mortas pérolas de espuma.
 (Olavo Bilac)

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