O escritor e humorista brasileiro Millôr Fernandes, criador de um célebre jornal que criticou com ironia a ditadura, morreu aos 88 anos no Rio de Janeiro, informou nesta quarta-feira sua família.
Autor de cerca de 40 romances, obras de teatro, letras de músicas e livros de poesia, Millôr sofreu derrame na noite de terça-feira em seu apartamento. Após o velório, seu corpo será cremado nesta quinta-feira.
O escritor foi um dos fundadores de 'O Pasquim', uma revista humorística e satírica criada em 1968 que usando a ironia conseguiu burlar a censura e criticar o regime militar que imperou no Brasil entre 1964 e 1985.
Millôr Fernandes começou no jornalismo em 1938 com uma coluna na revista 'A Cigarra' que assinava com o pseudônimo Vão Gogo, nome que utilizou durante décadas em diversas publicações, entre elas na revista 'O Cruzeiro', uma das principais brasileiras dos anos 40 e 50.
Posterior a isso, colaborou com importantes veículos, como o 'Jornal do Brasil' e a revista 'Veja'. De sua produção literária sobressaíram obras teatrais, mas também inúmeros contos, fábulas, poesias e romances.
Ele também foi tradutor de obras de William Shakespeare e ainda adaptou para o português textos de Molière, Bertold Brecht, Tennessee Williams, Mario Vargas Llosa, Augusto Monterroso e Darío Fo.
O humorista era conhecido pelo grande público brasileiro por suas frases criativas, que muitas vezes escrevia no formato de haiku (forma poética de origem japonesa) e de quadrinhos, que foram publicados em inúmeros jornais e revistas de todo o país.
Aos 17 anos, o escritor já demonstrava sua ironia inata, ele adotou o nome de Millôr, grafia errada com qual foi registrado. Seus pais queriam batizá-lo quando nasceu em 1923 como Milton. EFE
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