até quando você me abraça.
E eu acordo triste,
e brigo de verdade e passo o dia grave e dolorida
como quando a gente leva um tombo no piso liso…
que é só o passado.
É como se eu sentisse um ciúme horroroso
do meu livro predileto comprado em sebo,
a dedicatória apaixonada que não é a minha,
os resquícios do manuseio de outras mãos.
quando grifou à caneta algo que não pude apagar
com borracha e que era tão secretamente meu.
Desenhou corações onde só havia minha dor e
eu discordei da interpretação alheia.
E achei aquilo tudo de uma crueldade atroz.
Mas permaneci com o livro no colo,
cheia de um afeto confuso por ele:
afeto pelo que era, angústia por já ter sido de outro alguém,
e aquela sensação (imbecil) de falta de exclusividade.
Perdoa o meu senso de autoimportância,
já que não consigo perdoar o meu egoísmo.
Eu sei que em alguns presentes, no embrulho,
laços do passado são aproveitados.
Eu só queria que eles não fossem tão vermelhos:
desses que doem nos olhos e no coração.
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